quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Coaraci já teve escola de samba e carnaval, sabiam?

Os festejos de carnaval já estiveram mais presentes no Sul da Bahia, e eram um tanto diferentes do que conhecemos atualmente, como os blocos de Salvador. Em Coaraci, por exemplo, as festas eram frequentes em fazendas de cacau.

Carnaval na década de 50 em Foz do Iguaçu (Imagem ilustrativa)
Para quem ainda não conhece, Coaraci é uma pequena cidade da região que teve seu surgimento em 1919, pertencente a Ilhéus naquela época. Porém, sua independência só ocorreu após sua emancipação, no ano de 1952. Durante seu período de formação, o povoado recebeu vários nomes, tais como "Beira do Rio", "Macacos", "Itacaré do Almada" e "Itacaré", recebendo por último seu nome definitivo, Coaraci.
A economia que predominava, assim como em toda a região, era a comercialização do cacau, e foi justamente em meados de 1953 que surgiram as manifestações populares, denominadas "micaretas". Na primeira metade dos anos trinta, Coaraci não tinha ruas que permitissem exibições carnavalescas. No entanto, elas já aconteciam com frequência em várias fazendas. Uma delas no Brejo-Mole, que pertencia a José Simões, proprietário de um engenho dentro de uma plantação de cana. Os convites eram boca-a-boca e já contavam o tipo de roupa a ser usada por homens e mulheres. Uma das famosas festas daquela localidade era o "Cordão do Bola Preta” no estandarte, certamente, uma alusão ao cordão de mesmo nome criado no Rio de Janeiro para o carnaval de 1919.
Baile de Carnaval em Fortaleza na década de 50, (Imagem ilustrativa)

Em pouco tempo, os armazéns de cacau foram as primeiras opções alternativas para essas festas. Mesmo assim, muitos preferiam caminhar oito quilômetros para dar continuidade as pioneiras festas na fazenda.
Poucas ruas de Coaraci, já consolidadas, embora de chão batido, adquiriram um importante impulso a partir de 1945 quando entrou em cena a Banda de Música 13 de Junho, onde clarinetes, saxofones, trombones, trompetes, tubas, bombardinos, caixas e surdos arrastavam foliões através de frevos e maracatus pernambucanos, e de marchas e sambas cariocas.

Destaque especial no carnaval de Coaraci a partir de 1946 foi o afoxé de Vitalino Ribeiro, onde cerca de uma centena de figurantes com fantasias coloridas faziam evoluções de acordo com o ritmo de sua
batucada, cujo andamento foi uma criação do próprio Vitalino, já que nunca se ouviu nada parecido em nenhum outro quadrante do Brasil.

A população, orgulhosa, jogava em sua direção todo o estoque de lança-perfume, serpentinas e confetes que tinha nas mãos. No lado rural, superior a urbana, enchia as ruas e praças do distrito e dificultava a locomoção dos foliões. Em 1952 e 1962, entravam em atividade, respectivamente, o Clube Social e o Clube dos Bancários, logo se constituindo em espaços apropriados para festas. Em 1954, um bloco improvisado e mascarado de estudantes do ginásio juntava-se aos que já existiam. Executava evoluções, chamavam pelos nomes e acariciavam os que estavam ao longo das ruas. Além disso, tomavam conta das ruas da cidade as escolas de samba, afoxés, blocos de flagelados e blocos de trios elétricos como o tradicional “Terra do Sol” e trios elétricos famosos de Salvador com as bandas Chiclete com Banana, ainda com o nome de Banda Scorpions, Netinho da Banda Beijo e o rei do Axé, Luis Caldas. 

Infelizmente, com a decadência do Cacau, as micaretas também foram extintas, dando espaço as festas juninas, principal ferramenta de representação para cultura coaraciense atualmente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Quer dar uma dica? Fazer uma crítica? Fique a vontade!
*Comentários com conteúdo ofensivo ou imoral não serão aceitos*