quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Existe amizade além das fronteiras?

Olá, leitores!

Com poucos amigos de verdade, desde sempre, eu me vi na necessidade de expandir meus contatos ainda na pré-adolescência. A partir de uma conexão discada, eu entrava em salas de bate-papo para interagir - no tempo em que as salas não eram para fast foda. Porém, eu não me limitava a ficar a procura de pessoas por perto. Afinal, por que fazer amizade com pessoas daqui se posso conhecer gente de outro lado do mundo?

Imagem de um perfil fake
Mas essa interatividade ficou forte na era dos fakes do Orkut. Foi uma sensação! Quem nunca teve um perfil falso e "brincou" de ser a pessoa que você sempre quis ser? Eu digo "brincar" porque a intenção não era se fingir de algo ou alguém, e sim de interpretar um papel real. Você poderia ser quem você quisesse, fosse um ator, cantor, personagem de livros, filmes ou mesmo desenho animado. Os fakes eram nossa segunda vida. Viráramos a noite só batendo papo pela rede social e pelo extinto MSN - o que era mais gostoso, pois não tinha a superficialidade que os smartphones proporcionam hoje.

Podíamos ter uma família, poderes mágicos, criar uma história, misturar mundos diferentes. A cada edição do Big Brother Brasil, por exemplo, novos perfis surgiam com as fotos dos participantes. A criatividade era incrível! A partir de prints dos brothers, poderíamos construir álbuns de fotografias relacionados aos nossos amigos. A cada série de sucesso, como Supernatural, ou Orkuts populares de playboyzinhos e patricinhas, a vida fake ia ganhando forma.

O que eu mais acho curioso, é que por mais que fosse uma "brincadeira", os sentimentos eram reais. Paixão, amor, ódio, ciúmes e várias outras emoções. No meu último perfil, por exemplo, o lance foi tão sério, que o namoro fake acabou se transformando em namoro real, porém, ainda virtual. Ela do Rio de Janeiro, e eu de Itabuna. Ela linda, loira e de uma família intere$$ante. Eu feio, bobo e pobre. De qualquer forma, seguimos adiante, mas sem imagens falsas, apenas nós mesmos. E o computador não foi o limite. Eu enviava cartas, caixas com bombons e lembrancinhas, além de fazer ligações, claro. Tudo acabou depois de seis meses. Mal conversamos hoje, infelizmente.

De qualquer forma, várias amizades verdadeiras que tenho hoje são provenientes dos fakes. Sim, eu disse verdadeiras. Sim, eu sei que não os conheço pessoalmente, mas e aí? Muitos deles me dão mais apoio do que os amigos que tenho por perto. Contudo, no ano passado eu pude concretizar uma amizade. Ainda no Orkut, mas sem fakes, fiz amizades com um grupo fã de Resident Evil. A amizade cresceu de tal forma, que um dos membros saiu de Brasília para São Paulo a fim de conhecer uma integrante do grupo. Pouco tempo depois ele foi até Minas Gerais conhecer mais um. E no ano passado eu fui até Brasília conhecer ele. Foi muito bacana! A sensação de encontrar alguém que até então só se conhecia pela internet é um tanto estranha, pois a intimidade já existia, o sentimento de irmandade já estava presente no momento do encontro.
Eu (João) com meu amigo Bhrunno em Brasília
Atualmente, mal falo com vários deles. Cada um segue sua vida real com trabalhos e estudos. Mas sempre que dá conversamos um pouco, seja no Facebook ou no Whatsapp. Uma vez ou outra no Skype. Mas o mais legal, é que eu, por experiência própria, posso dizer que sim, existe amizade além das fronteiras!

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